Não tenho nada contra a imprensa cor-de-rosa

Ao contrário do que vocês possam pensar, eu não tenho nada contra a imprensa cor-de-rosa. Sim, eu admito: não tenho absolutamente nada contra a imprensa cor-de-rosa. E não estou a entrar em demagogia barata nem tão pouco a dar uma de politicamente correcto. Eu e a imprensa cor-de-rosa podemos coexistir no mesmo meio, mas por favor, não me façam cruzar com ela.
Posto isto, compreendo perfeitamente a existência desta imprensa. Existe quem se interesse por este tipo de notícias, e se quisermos ir mais a fundo: isto também é jornalismo. Há quem queira ser informado sobre o que a figura pública X fez de mais escandaloso no Dia de Natal, ou o que a figura pública Y fez no Dia de Reis. E eu compreendo isso. Agora, o problema ocorre é quando a imprensa cor-de-rosa e as notícias fúteis, se cruzam no meu espaço. E isso é cada vez mais frequente, utilizando até mesmo os mais sofisticados filtros.
Seguir a imprensa portuguesa nas redes sociais é seguir o bom e o pior de Portugal – completamente. Nada contra as linhas editoriais, porque isso obviamente cada jornal segue a sua, mas ao ponto de receber notificações de todo o género de notícias, é que acaba por estragar tudo. E é essencialmente aí a que eu quero chegar. Os jornais generalistas deveriam ter hoje uma maior preocupação com o tipo de conteúdo que publicam nas redes sociais. Se por um lado estou a seguir o jornal X porque costuma fazer um apanhado de tudo o que tem relevância em Portugal, porque é que de vez em quando lá se solta uma notícia indispensável para a maioria dos seus leitores? O problema aqui não é de todo a existência do jornal/imprensa cor-de-rosa, mas sim o lado sensacionalista a vir ao de cima de quem conduz estes jornais.
Ao contrário do jornal físico e das próprias páginas dos jornais, terem as várias secções para obviamente, todo o tipo de leitores, nas redes sociais não existe forma de controlar isso e por isso é que as caixas de comentários dessas notícias mais “descontextualizadas”, geralmente são autênticas caixas de lixo, com ataques pessoais, ataques às linhas editoriais e até mesmo com respostas irónicas, como receitas ou dicas úteis para o dia-a-dia (confesso que já aprendi a fazer arroz graças a uma alma penada, que se lembrou de ignorar a notícia e ter partilhado esse sábio conhecimento). E talvez o grande ódio pelas notícias cor-de-rosa da maioria dos leitores dos jornais digitais venha daí.
De qualquer forma, quando eu quiser ler “fofoca” como deve de ser, ou até mesmo ter um encontro com a imprensa especializada na coscuvilhice, eu sei muito bem onde é que tenho de ir.