Artistas que não consumem o que fazem
Como é que querem aumentar as audiências televisivas com programas de entretenimento, se os participantes dizem de boca cheia que não consomem aquele tipo de formato? De repente tornou-se “fixe”, dizer-se que tudo o que dá na televisão generalista é mau, mas ao mesmo tempo, as figuras públicas têm de fazer o frete porque precisam de ganhar dinheiro.
A má programação não é de agora. A falta de capital acabou por adiantar a crise da criatividade e a falta de audácia no investimento. Os tempos em que tudo o que era projecto acabava por fluir já lá vão. Agora tudo é pensado e raramente se inova. Há até quem diga que o futuro agora é pura e simplesmente o mercado digital. O que me leva a crer que está tudo certo. A evolução é isso. Mas perante esta realidade, como é que depois podemos pedir mais audiências? Não há coerência neste discurso. E pior só mesmo algumas figuras públicas que já estão com um pé no digital e outro no passado, mas que ainda assim não descartam a oportunidade de ganhar mais algum. E bem, obviamente. Mas a coerência depois tem de exigir, ou então tudo acaba por ser demasiado falso. E é isso que se tem notado.
As personalidades que têm aparecido nos “novos” programas desta nova temporada televisiva já quase todas elas demonstraram estar contra a nova forma de se fazer televisão, mas ainda assim continuam a participar e a alimentar as estações televisas. Mesmo admitindo que não são consumidores daquele formato, insistem em oferecer aos telespectadores aquilo que eles não gostam. Mas então perante isto, como é que esta coisa funciona? Pura e simplesmente a magia de outros tempos não acontece. As pessoas estão a fazer algo que não gostam quando o objectivo é entreter e dar algo diferente ao que existe actualmente. Os risos forçados são altamente denunciados e a falta de criatividade já é demasiado evidente.
Já deixei de consumir esse tipo de programas há muito. Não mudem por mim. Mudem pelos que ainda vêem televisão. Sejam genuínos, senhores actores e actrizes, ou simples figuras públicas. Não rebaixem os telespectadores, oferecendo algo que não gostam e jamais consumiriam.